terça-feira, 16 de agosto de 2011

A qualquer preço...

Já há algum tempo estava com vontade de retomar meu blog... hoje me parece um bom dia. E o pior é que não é porque estou inspirado ou com vontade de escrever algo emocionante, mas sim por indignação.
Ontem nos telejornais foi divulgado um vídeo de um professor que, na função de técnico de Handball, destrata, humilha e ofende um de seus alunos, chamando-o de “burro”.
Ao ver aquilo na tela, além de ter ficado chateado pelo fato, fiquei estarrecido com a justificativa do professor. Que ele fala com os alunos dele como ele quer e que, se fosse assim, teriam que mandar prender o Bernardinho ou o Muricy Ramalho.
Há muito tempo não gosto da forma como o Bernardinho é idolatrado pelo país. Na contramão da opinião de muitos que adoram seus preceitos, incorporam suas dicas de motivação e valorizam seus livros de auto-ajuda, acho que, independentemente dele conseguir tantas medalhas, é alguém que me parece não ter medidas e limites para conseguir o que quer gritando e tendo chiliques à beira da quadra...
Podem dizer que esporte é competitivo e que a competitividade exige esses destemperos, mas acho que há outras formas de se tratar as pessoas, principalmente se você está na posição de líder e, por um motivo ou outro, em função da evidência da mídia ou da profissão, serve como referência para as pessoas.
No contexto em questão, de jogos escolares, o fato se destaca ainda mais, já que é premente que os educadores envolvidos estejam cientes de que além dos jogos em si, ensinar a perder e, o que é mais difícil, ensinar a ganhar não podem ficar relegados a um segundo plano. Portanto, parabéns ao árbitro!!!
Ser um campeão deve ser bom, mas ser um campeão gentil e humano deve ser melhor ainda.
Certa vez, em um aeroporto, presenciei Guga e seu técnico chegando atrasados ao saguão de embarque. Enquanto o técnico esbravejava com a companhia aérea exigindo tratamento especial e que tudo fosse alterado para o embarque deles pudesse ocorrer, Guga, com muita simplicidade e educação, tentava e conseguia uma alternativa. Pode ser que o fato dele ser famoso tenha sido o motivo, mas certamente, se ele, Guga, tivesse sido tão arrogante quanto seu companheiro de viagem, as pessoas não teriam se empenhado para ajudá-lo da mesma forma como ocorreu.
Como professores, somos essa referência. Temos que pensar um pouco além...
Como se sentiria esse professor se estivesse no lugar do pai do aluno vendo o telejornal nublar a imagem da face de seu filho enquanto um professor o chamava de burro? Ou como se sentiria o professor se estivesse no papel daquele aluno, humilhado e xingado em rede nacional?
Se vão prender o Muricy ou o Bernardinho, não sei, mas sei que eles são técnicos e não professores, embora seus liderados se refiram a eles, muitas vezes, usando esse termo. Já é hora dos professores delimitarem mais as fronteiras do que é ser professor... Nem todos são professores.