Há duas semanas,
tive o prazer de compartilhar algumas de minhas idéias com professores de
francês que participaram doXVe
COLLOQUE PÉDAGOGIQUE DE L’ALLIANCE FRANÇAISE DE SÃO PAULO que tinha como eixo principal o tema: “Novos usos da língua, novas formas de ensino”.
Para conversar com
os professores organizei meu raciocínio de acordo com essas notas que
compartilho, abaixo. Mas atenção... o gênero do texto abaixo é: “notas para
mesa redonda” (nem sei se existe esse gênero)... ou seja, não é um texto
acadêmico.
A comunicação
dos alunos, ou melhor das pessoas (já que os alunos também são pessoas), mudou.
É só olhar para os lados no transito que as pessoas estão enviando SMSs ou
verificando o Whats Up, Facebook, Instagram...
Email
é coisa mais corporativa, ou como diz meu filho, coisa de velho...
Essas
pessoas que estão interagindo e se comunicando de formas novas e diferentes,
estão em nossas salas de aula
Assim,
se pensarmos que a aprendizagem é essencialmente social e se dá na interação e
através da interação temos um ponto de convergência aí, isto é, as “novas
interações” que ocorrem no dia-a-dia, são as interações através das quais
nossos alunos estão aprendendo...
Em
outras palavras, se as pessoas estão usando a tecnologia para se comunicar no
mundo e com o mundo, essas tecnologias, de uma forma ou de outra, também
aparecerão na sala de aula.
E
nesse ponto, a reflexão que eu faço é o quanto as salas de aula estão abertas
para essas tecnologias?
Muito
tem se falado em Mobile Learning, mas temos que falar também de “Mobile
Teaching". Nesse aspecto, podemos nos perguntar: . Há
resistência nossa em relação a esses devices/aparelhos? . Quais
os motivos dessa resistência?
Parece
haver um senso comum de que há resistência, e aí me lembro de uma propaganda da
Microsoft direcionada para educadores na qual tinha um professor dando um
depoimento dizendo que: no início, ela era resistente, mas ouviu um conselho,
se abriu e, com o tempo, passou a incorporar outras coisas em sua prática
pedagógica, reforçando um estereótipo do professor fechado e reticente ao novo.
Mas
enfatizo: quais os motivos da resistência? E aí trago um pouco da minha
experiência em formação continuada e reflexiva à distância: a resistência é
mais frequente quando temos processos atropelados. Quando, por exemplo, colocam
computadores ou tablets nas mãos dos professores e simplesmente dizem que esses
aparelhos têm que ser usados, muitas vezes por questões de Marketing (os
famosos diferenciais de mercado), ou para justificar um investimento feito na
compra dos aparelhos.
Contudo,
se há um planejamento para que os professores possam explorar e aprender com as
novidades, se há uma estratégia que permita aos professores conhecerem os
equipamentos e descobrir como esses equipamentos podem ajudá-los a se aproximar
e dialogar com os alunos, a chance de esses professores passarem a incorporar
essas novidades me parece muito maior.
Então,
nesse processo, podemos ter soluções e dificuldades que são comuns e bem vindas
já que são inerentes ao processo de aprendizagem.
Tanto
essas soluções tecnológicas quanto as dificuldades precisam ser objeto de um
olhar crítico que nos permita planejar e usar a tecnologia para fazer
diferente.
Se
formos usar a tecnologia para continuar fazendo a mesma coisa, não há sentido.
E
aqui trago para o diálogo o pesquisador americano Warschauer (2000) que em suas
pesquisas verificou que a tecnologia potencializa as ações, ou seja, se um
professor tem uma prática pedagógica interessante, o uso apropriado da tecnologia
potencializará essa prática e ela ficará ainda mais interessante. Por outro
lado, se um professor tem tradicional, centrada na transmissão pura e simples
de conhecimento, essa prática se potencializará e ficará ainda mais
tradicional.
Outro
aspecto tema deste diálogo se refere à proibição de smartphones e tablets na
sala de aula.
No
meu entender, de foma geral, a sala de aula está muito distante do mundo real. O
que é solicitado e exigido dos alunos nas escolas, muitas vezes, não têm
aplicabilidade e a proibição desses equipamentos em sala de aula pode afastar
ainda mais o ambiente pedagógico do mundo.
No
entanto, não me refiro a qualquer uso. Defendo a idéia de que os professores
precisam refletir e planejar o uso consistente dos gadgets.
E
isso não pode ser algo complicado... pode e precisa ser simples. Por exemplo,
em uma aula de línguas na qual os alunos precisam descrever alguém, ao invés de
usar a foto que está no livro, porque não usar uma foto que eles têm no seu
celular? Isso aproximaria o conteúdo da vida deles. Tornaria a instrução mais
significativa, interessante, dinâmica.
Na
mesma linha, ao ensinar direções, porque não usar o Google Maps? Ou o Waze que
muitos de nossos alunos têm em seus celulares?
Há
vários professores usando QR codes, por exemplo, para atividades de information
gap (situações de interação nas quais cada um dos atores têm um papel e
desconhece o papel do outro). Inclusive, esses QR codes e os próprios smart
phones ajudam alunos com necessidades especiais a participar das aulas.
Concluindo,
a minha opinião é que, de forma geral, ainda há um caminho muito interessante a
ser trilhado pela educação e pela escola na incorporação das novas tecnologias
no ofício do professor, no fazer pedagógico. E isso pode ser fantástico. E digo
pode ser, por que está em nossas mãos essa possibilidade. Podemos nos afastar,
ou assumir um olhar mais passivo, deixando deixar que outros tragam essas
novidades para nossas aulas, ou podemos ser protagonistas dessas mudanças e nos
apropriarmos dessas novidades. O que vamos fazer? Vamos deixar outros decidirem
o que é bom para nossa aula? Ou, dentro de um contexto institucional, vamos
interferir nisso?
Paulo
Freire dizia que a educação se faz na comunhão, no diálogo e esse diálogo, com
o mundo é nossa responsabilidade. Então, que tal um “bate-papo”?
Cada
ano fica mais difícil a tarefa de escrever algo sobre o dia de hoje: o aniversário do Rafa.
Não que já
tenha esgotado o meu repertório, mas sim porque a cada ano, o amor aumenta
exponencialmente tornando-se cada vez mais incondicional e quase inexplicável; inexplorável através das palavras.
Quando
chega nessa época, sempre me pego a pensar em como era nos primeiros dias,
nos primeiros meses, no primeiro aninho, até que, de repente, ele aparece na
minha frente, quase do meu tamanho.
Para
quem está de longe poderia até parecer outra pessoa, mas não. O olhar castanho
doce, o sorriso sincero, o toque amigo, e o coração bom, cheio de carinho e
amor que irradia são inconfundíveis: é o meu Rafa.
Mudam
algumas coisas: o tamanho da roupa, o gosto musical, os interesses, o tom da
voz, mas a essência do menino que segurei no colo em 27 de março de 2000 está
aqui, incutida na minha vida e na minha experiência como se fossem
cicatrizes, mas não de machucados... cicatrizes dos milhões de lembranças boas,
dos milhares de beijinhos e abraços, das centenas brincadeiras e das poucas brigas (sempre tem uma ou outra, né?) que vêm forjando esse menino, esse rapaz.
Dia
27 é um dia especial meu filho... é o dia em que tento escrever-te o quanto te
amo.
Feliz
aniversário e que seus 14 anos sejam de muitas felicidades, de muito amor, de
muita saúde e de muito carinho.
E
aí vai meu presente para você... que nesse ano surjam milhões de estrelas, uma para cada sorriso teu.